Grupos de esquerda, em Ponta Grossa, se constituem em pequenos feudos, reduzido número de personalidades, em geral, com vinculação acadêmica, que reunidos discursam para si próprios. Suas explanações são tímidas, pois os demais companheiros já conhecem o falatório.
São semelhantes aos partidos do latifúndio e da burguesia onde o povo não participa nem é tema. Eles não o procuram. Contentes com o papel de grupelho de apoio que hes permite visibilidade, correrão atrás de políticos expressivos em busca de alguma assessoria parlamentar. Se a direita ignora em seus encontros as necessidade básicas, políticas sociais públicas, para os ponta-grossenses, porque o povo manipulado votará nela, a esquerda nem considera importante conhecer tais problemas. Conhece o estádio do Operário, as praias paranaenses, mas não os bairros abandonados, as residências em risco nas barrocas, o caos na saúde pública do município, nem consegue ler tais questões à luz do marxismo. No máximo, são análises acadêmicas. Anos passados me apresentaram em casa, um jovem empresário, político e militante do PT. Pretendia me visitar outras vezes, conversar sobre política. Quase duas horas de conversa, onde expús o que pensamento do conteúdo e do caráter da ideologia. Nunca mais retornou e o vi de relâmpago, poucas vezes, nas ruas de Ponta Grossa. Se decepcionara com a conversa, certamente. Posteriormente soube que, não apenas se frustrara comigo, quanto me considerava, absolutamente, irrelevante para a interpretação da política. Alegava, do alto de sua falta de estudos e oportunismo, uma limitação em meu pensamento, algo que não correspondia ao cotidiano da Câmara de Vereadores. Por que? Ele, tão petista, lá fazia concessões, tocava a música dos que, ao pedir votos, criticava. De repente a figura entrou num dos pseudo-partidos políticos de Ponta Grossa, dessas igrejinhas fundadas para veneração de personalidades incultas do planeta. O tal partido, praticante do culto a personalidade, ganhou uma boquinha no governo neoliberal do município e lá, o ex-petista, ganhou chefia comissionada para não trabalhar. Era isso que desejava e não o socialismo, a justiça, o bem do próximo. Claro, meus conceitos não lhe serviam, porque afirmo ainda, como dizia meu bisavô, homem tem que ter coerência e honrar o fio de bigode. Além do que, o socialismo deve começar comigo, em mim. Esses tais são socialistas até que está posição não os impeça de usufruir da oportunidade de cargos, mesmo que para enrolar e dispender dinheiro público que faria bem em problemas reais da população. Se essa oportunidade não se vislumbra, nem vende a alma para o diabo, apenas lhe devolve. Não dignifico tais pessoas, não acredito e jamais recomendo votos nelas sob quaisquer pretextos, nem mesmo o de amizade. Me referi acima à espécie do travesti na política. Mas há outro, o socialista pseudo-pragmático puro.
Alguns elementos das forças, que se pretendem de esquerda em Ponta Grossa, cujos referenciais teóricos, também, seriam meus, andam distribuindo a tabuletas e crachás de pureza ideológica e partidária. A categoria “teórico” está, consagradamente, atribuida à minha fala e escrita. Isso soa estranho, porque são eles que não falam sobre os problemas concretos da sociedade, realidade social, projetos de desenvolvimento econômico, acesso a níveis superiores de riqueza, dor, miséria, sofrimento, o penar da maioria. Não entendem. Tem sido incapazes de escrever três linhas, respaldados no marxismo, que se orgulham defender. Creio que, de sexo, talvez entendam e ainda assim não coloco mãos no fogo. Quem procurar nos jornais artigos de comunistas, petistas, socialistas variados, sobre os problemas sociais de Ponta Grossa não encontrará. Eu escrevo e sou classificado como de segunda categoria. Apresentando e desconsiderando meus escritos por ser “de um teórico apenas”. Não fosse a malandragem, o espírito pejorativo, consideraria elogio, pois ao menos, consigo formular proposta de pensamento respaldada em intérpretes de alto coturno da realidade brasileira. Todos sabem que nutro simpatias pelo pensamento isebiano, que considero atualíssimo, não datado e em especial pelo historiador Nelson Werneck Sodré. E nisto, pasmem! não estou sózinho, apesar do desprezo da esquerda. Fundou-se no Brasil, o Partido da Pátria Livre, cujas idéias devem ser consideradas e conquistam adeptos, pautado no nacionalismo econômico e desenvolvimentista.
Sempre recusei reuniões bobas e alientantes, aulas fantasmagóricas de marxismo, tal a pobreza ou inexistência de aplicação do materialismo histórico a realidade tão cruel quanto a paranaense, a pontagrossense, em particular. Cansei das poses, dos figurinos, do esquerdismo. Marxismo, socialismo, justiça social, materialismo histórico não são tranpolins para carguismo e personalismos. São questões de caráter, solidariedade, militância sem fins financeiros, pelo bem do Brasil e de sociedades locais em particular, e não ficarão restritos às igrejinhas intelectuais exibicionistas.
A pecha de teórico não me pertence. O socialismo, o espírito revolucionário, herdei desde os meus bisavós. Vim da roça, onde se praticava ainda o sistema de meeiro de plantação e onde crianças trabalhavam sem proteção trabalhista. Minha família foi vítima do latifúndio, cuja essência é a violência, ganância e desrespeito à terra. Dali, a realidade me levou ao socialismo e ao marxismo. Neles estou aferrado e não sucumbi, mesmo tendo vivenciado a desestruturação da saudosa União Soviética, que lamento. Ando a pé, de ônibus, pelos vários bairros de Ponta Grossa, cada cidadão que encontro, longe do conforto que usufluo como funcionário público, cada pessoa catando, não apenas, lixo mas, tirando dele seu sustento alimentar, me comove e entristece. Jovens envelhecidos pelo sol ardente, mães solteiras, o triunfo das drogas sobre a juventude, a falta de acesso a saúde com qualidade e dignidade e tiro daí minha reflexão. Coloco isso nos meus comentários. Teóricos são esses idiotas.
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