quinta-feira, 16 de junho de 2011

História política de Ponta Grossa - para um cientista social - 2ª parte

Relações entre jornalistas e mundo político

Nelson Werneck Sodré afirma que tudo é política. Só a ingenuidade sustentaria a inexistência de cumplicidade ideológica entre jornais, política e políticos. Isso se funda nas relações de poder e no processo histórico. Há, evidente, o egocentrismo de uns, medos de todos, ideologia e razões econômicas, fatores que determinam a o modo de produção da notícia e do diversionismo midiático.
Em Ponta Grossa, mundo político e jornais impressos, sempre estiveram afinados num mesmo discurso e sustentando esse único projeto social da classe historicamente dominante. Valendo da falta de acesso da maioria do povo aos bens educacionais e da cultura, a confusão conceitual acentuada em uma população desescolarizada como a nossa, destituída de condições psicológicas para proceder com pensamento crítico, de vez em quando sinalizam alguma divergência menor, algum contraponto, capaz de manter ares de moralismo. O que a população não alcança nem tem condições de encontrar é onde está a essência da suposta falta de sintonia. No campo das idéias políticas, é criminosa a tentativa de se estabelecer falsas diferenças entre os projetos político-sociais de Jocelito Canto, Péricles de Mello ou Plauto Miró Guimarães. A imprensa, porque numa sociedade de classes,  toma a posição que lhe corresponde às conveniências, deu a  impressão de que tais diferenças haviam e eram acentuadas. Editores-Chefes e proprietários tem notório comprometimento, e só a leitura atenta e demorada do interior dos periódicos o demonstrará, comm as fantasias e moralidades falsas da burguesia e dos senhores de terra, que lhes propiciam investimento em publicidade. Uma dificuldade dos jornais nos países sob o signo do capitalismo. O tratamento com Jocelito, candidato a prefeito, oscilou entre o moralismo da região, do tipo, forasteiro aqui não tem vez e direito e o carisma que o rádio e naturalidade com que se comunica com a população abandonada pela classe dominante lhe diplomam.
A contribuição dos Psicólogos na interpretação dos personagens no palco da política está por ser feita. São doutores em egocentismo, verdadeira patologia. Necessitam de veneração, endeusamento e tratamento mitológico. A imprensa escrita e televisiva lhes proporciona essa terapia danosa ao povo. Serão vistos sempre nas colunas sociais, comentados em matérias sensacionalistas, sobre seus pronunciamentos dignos de destaque. No frigir dos ovos, coisa para inglês ver, eles e o que dizem, ond estão importância social alguma tem. E sabem todos disto. Os jornais prestam-lhes este favor, e não totalmente de graça, empresários da comunicação e equipe sempre que necessário, político mal comportado com a linha editorial, recebe claro sinal de demonstração de força. Ao político cabe a boa missão de ler corretamente a cartilha do liberalismo econômico e filosófico, bom mocismo, rigorosamente inserido na linha ideológica do jornal. Os políticos não querem conpuscar essa imagem. O jornal, com certeza, tem boa tiragem e será lido pela classe média, pelos estudantes, servirá de base para os noticiários capengas do rádio e da televisão. O jornal se fundamenta numa ideologia não popular, sua base teórica é frágil, mas tem e pode ter uma coisa que o político não possue, opinião.
Então o político estabelece relações de boa vizinhança com as empresas jornalísticas, que despejam diariamente longas admoestações que beiram a religião, à classe política.
Se não há uma cumplicidade aberta e pessoal, há atrelamento teórico entre ambos, jornal, sistemático e objetivo em seu discurso sempre mais que o próprio politico da ideologia.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

História política de Ponta Grossa - para um cientista social

Em 1992 Ponta Grossa teve quatro candidatos disputando a Prefeitura. Nesse cenário político, representaram as forças tradicionais, conservadoras, defensoras dos senhores de terra e do empresariado, Adail Inglês, Djalma de Almeida Cesar e Paulo Cunha Nascimento. Não se deve estabelecer diferenças ideológicas entre eles, representavam mínimas e insignificantes fracções da camada social dominante. A candidatura de oposição a esse projeto continuista, reprodutivista, autêntica, estava encarnada na pessoa e na participação do Padre Roque e do líder comunitário, Giba. A questão maior, o problema posto, era de que o estabelecimento dessa candidatura esbarrava na forte estrutura financeira, no domínio cultural, no forte e resistente arsenal midiático que dispunham as forças do atraso e não apenas nisso. Havia sintomática resistência dentro do próprio Partido dos Trabalhadores, que capitaneava o conjunto das forças progressistas. Um grupo simpático a Péricles de Mello não emprestava apoio e empenho à divulgação. Questiúnculas de pequenez moral, mas que fortaleciam a situação, além da ciumeira interna e medo externo, que sempre seguiu a nossa história, a participação do povo no poder.
A luta ideológica era notável e acirrada. A nível nacional entráramos, a pouco tempo, na fase adentráramos ao universo conhecido como neoliberalismo. Jornais e emissoras de rádio e televisão saudavam a era Collor, o fim do socialismo e das forças trabalhistas no mundo inteiro. Substituindo Fernando Collor de Mello, Itamar Franco chegou a surpreender a nação, adotando políticas nacionalistas em alguns aspectos. A reação procurou motivo para a ridicularização e crítica apoiando-se em seu estilo físico. O nosso entusiasmo seguiu no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Em Ponta Grossa os debates políticos foram acirrados. Parcela da juventude encampou, orientada pela liderança do DCE, o movimento para a derrubada de Collor de Mello. A universidade, até então imóvel e aprisionado no conservadorismo, dominada pela geração antiga e simpática ao regime ditatorial, pelas forças das circunstâncias, se tornara o centro capitaneador dos debates e em seus cursos se incluiam esses problemas e temas pautados pela luta política e social,  como parte dos projetos de pesquisa a extensão. Os cursos retomava, com vigor, a discussão do pensamento de Paulo Freire e do ISEB, de Nelson Werneck Sodré e Álvaro Vieira Pinto, Vigotsky, Dermeval Saviani, Moacir Gadotti e Vanilda Paiva. Paulo Freire tinha a preponderância. Jornalismo, História, Pedagogia e Serviço Social se engajaram, foram às vilas longínquas do centro, levar projetos de alfabetização e cidadania à luz do método Paulo Freire. Fica no registro o movimento de alfabetização Reconstruindo o mundo, coordenado por Carmencita de Holleben Mello Ditzel, Jefferson Mainardes, Roque Zimmerman, Jussara Ayres Bourguinon, Zenilda Batista Bruginski e Vanessa Sabóia Zapia, alguns de relâmpaga participação. Até um projeto com meninos de rua foi desenvolvido, tendo a participação de Marilda Wosnika, não dos menores papéis. Este último funcionava nas dependências da Universidade e representava o idealismo de Carmencita. O marxismo alcançava estatus nas concepções filosóficas de diversas graduações e isso incomodava os professores reacionários e a imprensa, sempre conservadora.
Esse ano (1992) foi o mais rico em debate políticos e sociais. Nos parecia que a cultura ressurgira nos Campos Gerais. Em suas reuniões, o PT, cheio da presença de populares, líderes de bairros, dedicava espaços longos à discussão sobre o socialismo, das posições diferenciadas das tendências em relação ao tema. O PT também reunia pessoas inclinadas a outros partidos de esquerda. Os debates foram para o interior da universidade e nela receberam uma roupagem militante e acadêmica. Formava-se liderança pública. Isso não agradaria o espírito da época.
Em 1996 Jocelito, apoiado por fração das camadas dominantes venceria as eleições. A ofensiva reacionária que não alcançava o coração de uma população sofrida, sem remédios, sem moradia, sem recursos. Esgotaram-se os representantes dessas camadas tradicionais portavam um discurso moralista, distante do povo e pedante. Não foi difícil que povo caísse no colo de Jocelito, cuja ideologia e programa de governo, em nada diferenciava-se da classe dominante, tão somente obrigava o braço habilmente, caridoso com a parcela da população pobre, sem oferecer proposta de cidadania que lhe oportunizasse conscientização e crítica.
Jocelito chamou para si o preconceito e o ódio da classe dominante que levou junto de si todo o puritanismo da esquerda pontagrossense. A luta pessoal contra Jocelito colocou a perder um rico momento de debate de ideias e propostas progressistas.

terça-feira, 14 de junho de 2011

História da Licenciatura na UEPG - 1990-1994 - Nelson Werneck Sodré

Em 1992, Pedro Ferreira de Freitas e eu, acadêmicos, viajamos ao Rio de Janeiro, para participar de um congresso da UNE. Naquele ano e naquele momento, o presidente Fernando Collor de Mello sofria pesada artilharia das forças populares. No Rio de Janeiro, participamos de uma passeata, com milhares de pessoas e estudantes que tentavam impedir o recebimento de Collor pelo governador Leonel Brizola. Mesmo sob nossos protestos, o amadurecimento e paradígma Brizola, com quem deveríamos aprender muito, recebeu o presidente da República. O governador via com cautela toda aquela movimentação de estudantes e intelectuais contra o presidente e reportava isto como semelhante ao final do Governo Vargas. Hoje, creio que Brizola tinha razão em parte.
Estando hospedados na UFRJ, munidos de um mapa da cidade, Pedro e eu, depois que comprei um exemplar de "Formação histórica do Brasil", saimos à procura de Nelson Werneck Sodré, isto no dia em que retornaríamos ao Paraná. Achamos fácil. Foi uma grande surpresa tudo o que aconteceu.
Chegamos na Rua Dona Mariana e entre os prédios e arvoredos, encontramos o apartamento de Nelson Werneck Sodré. Apertamos a campainha e uma bondosa senhora nos atendeu pela janela. Era Dona Yolanda Frugoli Sodré, esposa do General. Nos apresentamos como estudantes, paranaenses, de História que aproveitando o congresso da UNE, tínhamos curiosidade em conhecer Nelson Werneck Sodré. "Nossa! podem subir, desculpem, o Rio é muito violento, por isso perguntei quem eram e o que queriam. Chegamos da missa e Nelson está saindo do banho". Eu, fundamentalista ideológico, jamais imaginaria o escritor marxista vindo da missa. Não quiz perguntar. Me assustei apenas. Sentamos e enquanto Dona Yolanda nos fazia as cortesias, descia da escada, um homem de paletó escuro, óculos densos, de baixa estatura e fomos apresentados. Fiquei um pouco inquieto e Pedro sentou-se, feliz e honrado, entre eu e Nelson Werneck Sodré, mas não tínha assunto. Eu resolvi pedir respaldo dele a minha ferina espada e intransigência em defender seus escritos e também me munir de respostas aos seus detratores. Perguntei-lhe o que achava do conceito de populismo. Eu me cansava de ouvir essa expressão nas aulas do curso de História. Ainda não abandonaram essa mania. Nelson Werneck Sodré me respondeu que esse era um termo muito usual em ciências sociais e deveria me acostumar a ele. Mas deu uma definição bem próxima do alcance dos novatos estudantes universitários, sem gravador e sem caderno para fazer anotações. Populismo é quando um governante procura atender revindicações que, seriam por natureza, dever do povo formulá-las. O populismo, disse, não é de todo mal.
Então, disse a ele que lera e ficara indignado com o livro ISEB: fábrica de ideologias, de Caio Navarro de Toledo. Werneck Sodré me respondeu que conhecia bem o livro e que se tratava de uma das mais abalizadas críticas que recebera. Era um livro respeitável e recomendável. Eu não entendia como um escritor que, no livro História e materialismo histórico no Brasil, detonava Caio Navarro, aqui se mostrava um homem dócil, humilde, acadêmico no sentido verdadeiro do conceito. Enguli aquela.
Falamos sobre o PCB, o surgimento do PPS. Nelson Werneck Sodré apostava que um dia essas facções se uniriam por um projeto de Brasil, que encampasse o interesse do povo brasileiro. Perguntei se o marxismo estava mais resguardado no PCdoB. "É o que eles dizem" me respondeu. O Pedro lhe perguntou sobre o futuro de Cuba e da China. Sodré nos respondeu que a China tomava um caminho sadio e inteligente de manutenção do socialismo. Cuba, não sabia até quando duraria.
Era um homem apaixonado pela juventude, gostava de ver nosso interesse pela sua obra, não era um homem de linguagem pedante. Depois daquela visita, troquei correspondência com ele até seu falecimento. As cartas que lhe enviei estão de posse e direito da Biblioteca Nacional do Brasil. Com o livro autografado, a promessa dele em me enviar o livro "O populismo", publicado por um deputado do PDT, saímos de sua casa para a rodoviária do Rio de Janeiro.
Nelson Werneck Sodré pautaria, de vez, minha interpretação da história do Brasil, até hoje.

História da Licenciatura na UEPG - Ivan Meneguzzo

O mestre Ivan Meneguzzo, brasileiro e professor

Em 24 de abril de 2009 falecia o Professor Ivan Meneguzzo. A História registrará a contribuição Meneguzzo como professor exemplar que pensou com seus alunos a cultura nacional, o amor ao povo brasileiro. Patriota ardoroso no combate às injustiças sociais pela via do trabalhismo. Um desenvolvimento brasileiro que proporcionasse aos excluídos, oportunidades de trabalho, dignidade e legislação protetora. A revolução brasileira de 1930 era seu tema predileto e o ministrava com a alma. Aqueles que se graduaram tendo sido seus alunos, receberam dele o exemplo das aulas bem ministradas, com conteúdo e sentido. Aquilo que falava e transmitia era útil e necessário ao aprimoramento intelectual e a cidadania. Suas exposições despertavam um amor indescritível pelo Brasil raramente encontrado na Universidade. Era dedicado, cumpridor de horários, educador exemplar. A marca de suas aulas era transformar temas e conceitos complexos e conteúdo inteligível, fugindo sempre do pedantismo comum dos modismos teóricos. Ivan Meneguzzo está na dissertação de Célia Regina de Souza e Silva. A coragem intelectual e a posição nacionalista firme lhe garantiram a vantagem de não compor guetos ideológicos e a independência no ensino. Não foi o mestre de somente longas bibliografias, mas de reflexão profunda, autêntica e original. O texto fotocopiado era objeto de longas discussões, detalhadas, ardorosas, voltadas à realidade brasileira. O esquerdismo, antinacionalismo acadêmico se tornaram adversos à prática do Mestre privando a cidade da sua contribuição sociológica. Imprimiu em EPB (Estudos de Problemas Brasileiros) uma face crítica, contextualizada e progressista, então resquício do regime militar. Sofreu calado, por educação, com o avanço da ofensiva reacionária nos conteúdos de História, teorética que nada diziam à população. O posmodernismo varria, para o desencanto das forças progressistas, os currículos de Ciências Humanas. Era educador modelar, ensinava de verdade. Diferenciou-se pela ausência de vaidades peculiares da academia, pelo brilho e rigor, da posição política justa e pública. Trabalhismo e marxismo eram coisas próprias do fim da História. Ocupar-se do legado de Vargas, João Goulart, Leonel Brizola fora do discriminador conceito de populismo não seria considerado científico nem próprio da universidade. Dominava com tranqüilidade temas da área econômica, teoria política, História e comunicacional, fazendo abalisadas análises da mídia em suas aulas, tendo mais tarde, atuado no radio esportivo. Navegava no marxismo com independência, crítica e sem aplicações vaidosas. Militava na revisão da História Brasileira, defendendo a busca de fontes variadas e ao lugar da história dos vencidos, mas não consentiam com um desmonte irresponsável da História do Brasil. Era possuído de cautela com a encantanda desmitologização historiográfica que jogava as referências nacionais no lixo. Não lhe importava a ostentação ideológica, mas a conduta de um professor que ensinava e vivia a importância do seu país. Mesmo assim são contundentes exemplos dessas convicções, o nome de Sandino dado ao filho, homenageando o líder revolucionário nicaráguense. Nossas autoridades educacionais honrariam o zelo cidadão ao distinguirem uma próxima escola pública aberta com o nome de Ivan Meneguzzo.



sábado, 11 de junho de 2011

História da Licenciatura na UEPG - 1990-1994

 

O período de 1990 a 1993 foi singular na história política de Ponta Grossa (PR). É impressionante anotar a participação dos cursos universitários, especialmente dos acadêmicos, na intensa luta ideológica que se travou nestes anos. A UEPG jamais se furtou ao seu espírito conservador em política, não apenas assistindo passivamente os acontecimentos e as contradições sociais ao redor, mas sustentando o discurso autoritário e nada fazendo para romper com as amarras da alienação e falta de sintonia dos municípes com a realidade nacional. Universidade e cidadania andaram dissociadas. 
Nesta década alguns cursos se distinguiram por fazer e proporcionar outra leitura do processo político. Jornalismo, Pedagogia, História e Geografia distinguiram-se, participando efetivamente nos movimentos sociais, meios de comunicação e trazendo as discussões das ruas para a sala de aula. Mas nestes cursos ingressaram docentes antenados com a produção acadêmica e intelectual engajada, que se impunha na bibliografia dos cursos de posgraduação de suas áreas e que também obrigavam docentes reacionários a repassá-los aos alunos, futuros professores da instituição, como obrigação de oferecer-lhes dados completos daquilo que precisariam para a aventura da pesquisa, do pensamento social e político e do desenvolvimento profissional.
O curso de História nesse período, e foi efêmero o fenônemo, travou cauteloso namoro com o materialismo histórico, utilizando-o, sem tomá-lo como método próprio e pessoal, com reservas. Alguns desses professores procediam de concepções religiosas, mas se abriam ao espírito crítico e o método histórico era a novidade e a expressão dessa renovação no país. Isso resultou, não apenas em qualidade de participação, alguma luz no obscurantismo cultural que vinha assolara sempre a universidade, que se ambientava confortavelmente no ninho confeccionado pela ditatura militar, até porque, no corpo docente, residiam indivíduos vinculados aos órgãos de repressão do regime. O curso de História avançava em qualidade. Professores exigiram dos acadêmicos contato com abalisada bibliografia, historiografia renomada, autores europeus e latino americanos, obras de revisão teórica e de pesquisa profundas. O ensino de História que repetia de forma melhorada o conteúdo do ensino colegial, deixava o factual, anedótico, próprios dos manuais comportados da época, para debater, repensar e reinterpretar a História, inspirados e municiados em obras de referência produzidas nos grandes centros. Tiveram mérito nessas mudanças, professores da fase, Carmencita Holleben de Mello, Rosângela Wosiack Zulian, Ivan Meneguzzo, Jefferson Mainardes, Elisabete Alves Pinto, Maria Aparecida Cesar Gonçalves, Niltonci Batista Chaves, Aída Mansani Lavalle, Maysa Margraf, Teresa Jussara Luporini e Carlos Alberto Maio.  Ensinaram e formaram a geração de futuros professores nos conceitos importantes dos modos de produção, olhar mais acurado sobre a Idade Média, à luz das teorias econômicas. Alguns denominavam visão renovada de ensinar História. Nem bem nos alcançara, o materialismo histórico era temido por algumas pessoas, talvez por honestidade de não corresponder, na prática, no comportamento cotidiano, ao resultado dele. Carmencita, a mais representativa, rompeu com a modalidade aulas diretivas e autoritárias, incentivando a discussão entre as várias correntes historiográficas nas aulas de História da América. Embora os alunos jamais tenham escutado sobre Vicente Tapajós, era dele que ela procurava se distinguir. Aprendemos a procurar fontes clássicas, novos historiadores e aos economistas, para entender a história da América. Rosangela Wosiak Zulian, conhecida por exigir extensa bibliografia em História Medieval e Hístória Antiga legava a responsabilidade do profissional em respaldar em um arcabouço teórico responsável e de qualidade. Para estudantes que vieram de um ensino colegial em transição, suas aulas eram difíceis de compreender, dados os conceitos científicos utilizados. Mas propiciavam o desenvolvimento pessoal e intelectual singular dos alunos. O trabalho vigoroso e encantador destes professores, despertamos acadêmicos para tomarem consciência da transição que se operava no país, da qual  e fomos participantes, embora que alguns, só entenderam o que fizeram, passados anos depois. Além disso, nos mobilizaram por uma nova e fecunda forma de ensinar e despertar o amor dos alunos da escola básica pela matéria de História.
Outros professores, pouco mais distantes, mas que promoviam cursos de extensão, aperfeiçoamento, discutiam temas dessa renovação e assim, influiram na formação dos alunos de História, Leide Mara Schimidt, Mariná Holzmann, Ruth Holzmann e Priscila Larocca.