A prematura e inapropriada morte, de forma grosseira, do Professor Victor Folquining, tanto do plano pessoal, da figura humana que era, quando cultural, da sua capacidade intelectual, é perda irreparável à cultura paranaense e ao pensamento comunicacional.
Conheci o jornalista nos seus tempos de acadêmico, através de do Dr. Rodrigo Czajka,hoje Professor Adjunto na UNESP, na época acadêmico de Filosofia da UFPR e Victor, concluindo seu TCC na UEPG. Fomos à casa de Victor na Bonifácio Vilela conversar sobre o Caderno Mais da Folha de São Paulo, objeto de suas preocupações acadêmicas, cuja coleção eu guardava.
Posteriormente troquei algumas correspondências, com o então, redator de jornais e chefe de sucursal, sempre prudente, silencioso e comedido com minhas críticas e sugestões de pauta. Numa viagem a Curitiba, Rodrigo e eu fomos ao apartamento de Victor, em busca do livro "Jornalismo é humanismo?" cuja análise e crítica pretendíamos fazer, já que o conceito de humanismo causava-nos algum incômodo.
Encontrei-me, pela última vez, com Folquening, no final de 2011, quando por intermédio do Dr. Sérgio Luiz Gadini, compunhámos uma Comissão Julgadora de algumas biografias selecionadas pela Secretaria de Cultura do Município. O encontro durou quase duas horas e serviu como presente a mim, de conversas que sempre deveria ter tido com o jornalista Victor Folquening. Explanou os bastidores das empresas jornalísticas, das redações, da produção da notícia. Na ocasião conversou longamente com o escritor Miguel Sanches Netto sobre as agruras de colunistas. No final da conversa empenhamos uma dívida que deveria ser mútua, ele e eu acertaríamos uma data para tomar alguma coisa em algum lugar da cidade, convite que, sendo de Victor, aceitei pensar. A impressão mais fundamental que me marcou aquele encontro, foi a humildade intelectual do professor universitário, em relação a mim e às concepções teóricas e políticas que sustento. De comum acordo, ele, a pessoa que mais argumentou cientificamente, autor das mais profundas análises dos trabalhos, Carolina Mainardes e eu aprovamos dois trabalhos, sem quaisquer dúvida quanto a forma e ao conteúdo. Minhas convicções teóricas em História me incomodavam com a validade de um dos trabalhos, feito sobre figura assaz simples de nossa cultura e serviço social. Arrisquei argumentar que deveríamos eleger também um trabalho que tratava de pessoas, em geral, não visíveis na historiografia erudita e mitológica da sociedade. Victor me olhou, demonstrando grande sensibilidade sociológica, apaixonado pela assunto, pluralista e encampou outros argumentos dando igualmente seu voto, que em seguida, foi aprovado por Carolina. Da sua grandeza intelectual, do gigantismo de seu conhecimento filosófico, se inclinava, afetuosa e generesoamente a um figura da cidade, sem maiores expressões, como o autor destas linhas e ao trabalho de uma senhora, que não seria considerado matéria de estudo em nossas acadêmias, embora fosse socialmente mais interessante que toda a classe política paranaense reunida.
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