sábado, 11 de junho de 2011

História da Licenciatura na UEPG - 1990-1994

 

O período de 1990 a 1993 foi singular na história política de Ponta Grossa (PR). É impressionante anotar a participação dos cursos universitários, especialmente dos acadêmicos, na intensa luta ideológica que se travou nestes anos. A UEPG jamais se furtou ao seu espírito conservador em política, não apenas assistindo passivamente os acontecimentos e as contradições sociais ao redor, mas sustentando o discurso autoritário e nada fazendo para romper com as amarras da alienação e falta de sintonia dos municípes com a realidade nacional. Universidade e cidadania andaram dissociadas. 
Nesta década alguns cursos se distinguiram por fazer e proporcionar outra leitura do processo político. Jornalismo, Pedagogia, História e Geografia distinguiram-se, participando efetivamente nos movimentos sociais, meios de comunicação e trazendo as discussões das ruas para a sala de aula. Mas nestes cursos ingressaram docentes antenados com a produção acadêmica e intelectual engajada, que se impunha na bibliografia dos cursos de posgraduação de suas áreas e que também obrigavam docentes reacionários a repassá-los aos alunos, futuros professores da instituição, como obrigação de oferecer-lhes dados completos daquilo que precisariam para a aventura da pesquisa, do pensamento social e político e do desenvolvimento profissional.
O curso de História nesse período, e foi efêmero o fenônemo, travou cauteloso namoro com o materialismo histórico, utilizando-o, sem tomá-lo como método próprio e pessoal, com reservas. Alguns desses professores procediam de concepções religiosas, mas se abriam ao espírito crítico e o método histórico era a novidade e a expressão dessa renovação no país. Isso resultou, não apenas em qualidade de participação, alguma luz no obscurantismo cultural que vinha assolara sempre a universidade, que se ambientava confortavelmente no ninho confeccionado pela ditatura militar, até porque, no corpo docente, residiam indivíduos vinculados aos órgãos de repressão do regime. O curso de História avançava em qualidade. Professores exigiram dos acadêmicos contato com abalisada bibliografia, historiografia renomada, autores europeus e latino americanos, obras de revisão teórica e de pesquisa profundas. O ensino de História que repetia de forma melhorada o conteúdo do ensino colegial, deixava o factual, anedótico, próprios dos manuais comportados da época, para debater, repensar e reinterpretar a História, inspirados e municiados em obras de referência produzidas nos grandes centros. Tiveram mérito nessas mudanças, professores da fase, Carmencita Holleben de Mello, Rosângela Wosiack Zulian, Ivan Meneguzzo, Jefferson Mainardes, Elisabete Alves Pinto, Maria Aparecida Cesar Gonçalves, Niltonci Batista Chaves, Aída Mansani Lavalle, Maysa Margraf, Teresa Jussara Luporini e Carlos Alberto Maio.  Ensinaram e formaram a geração de futuros professores nos conceitos importantes dos modos de produção, olhar mais acurado sobre a Idade Média, à luz das teorias econômicas. Alguns denominavam visão renovada de ensinar História. Nem bem nos alcançara, o materialismo histórico era temido por algumas pessoas, talvez por honestidade de não corresponder, na prática, no comportamento cotidiano, ao resultado dele. Carmencita, a mais representativa, rompeu com a modalidade aulas diretivas e autoritárias, incentivando a discussão entre as várias correntes historiográficas nas aulas de História da América. Embora os alunos jamais tenham escutado sobre Vicente Tapajós, era dele que ela procurava se distinguir. Aprendemos a procurar fontes clássicas, novos historiadores e aos economistas, para entender a história da América. Rosangela Wosiak Zulian, conhecida por exigir extensa bibliografia em História Medieval e Hístória Antiga legava a responsabilidade do profissional em respaldar em um arcabouço teórico responsável e de qualidade. Para estudantes que vieram de um ensino colegial em transição, suas aulas eram difíceis de compreender, dados os conceitos científicos utilizados. Mas propiciavam o desenvolvimento pessoal e intelectual singular dos alunos. O trabalho vigoroso e encantador destes professores, despertamos acadêmicos para tomarem consciência da transição que se operava no país, da qual  e fomos participantes, embora que alguns, só entenderam o que fizeram, passados anos depois. Além disso, nos mobilizaram por uma nova e fecunda forma de ensinar e despertar o amor dos alunos da escola básica pela matéria de História.
Outros professores, pouco mais distantes, mas que promoviam cursos de extensão, aperfeiçoamento, discutiam temas dessa renovação e assim, influiram na formação dos alunos de História, Leide Mara Schimidt, Mariná Holzmann, Ruth Holzmann e Priscila Larocca. 

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