terça-feira, 14 de junho de 2011

História da Licenciatura na UEPG - Ivan Meneguzzo

O mestre Ivan Meneguzzo, brasileiro e professor

Em 24 de abril de 2009 falecia o Professor Ivan Meneguzzo. A História registrará a contribuição Meneguzzo como professor exemplar que pensou com seus alunos a cultura nacional, o amor ao povo brasileiro. Patriota ardoroso no combate às injustiças sociais pela via do trabalhismo. Um desenvolvimento brasileiro que proporcionasse aos excluídos, oportunidades de trabalho, dignidade e legislação protetora. A revolução brasileira de 1930 era seu tema predileto e o ministrava com a alma. Aqueles que se graduaram tendo sido seus alunos, receberam dele o exemplo das aulas bem ministradas, com conteúdo e sentido. Aquilo que falava e transmitia era útil e necessário ao aprimoramento intelectual e a cidadania. Suas exposições despertavam um amor indescritível pelo Brasil raramente encontrado na Universidade. Era dedicado, cumpridor de horários, educador exemplar. A marca de suas aulas era transformar temas e conceitos complexos e conteúdo inteligível, fugindo sempre do pedantismo comum dos modismos teóricos. Ivan Meneguzzo está na dissertação de Célia Regina de Souza e Silva. A coragem intelectual e a posição nacionalista firme lhe garantiram a vantagem de não compor guetos ideológicos e a independência no ensino. Não foi o mestre de somente longas bibliografias, mas de reflexão profunda, autêntica e original. O texto fotocopiado era objeto de longas discussões, detalhadas, ardorosas, voltadas à realidade brasileira. O esquerdismo, antinacionalismo acadêmico se tornaram adversos à prática do Mestre privando a cidade da sua contribuição sociológica. Imprimiu em EPB (Estudos de Problemas Brasileiros) uma face crítica, contextualizada e progressista, então resquício do regime militar. Sofreu calado, por educação, com o avanço da ofensiva reacionária nos conteúdos de História, teorética que nada diziam à população. O posmodernismo varria, para o desencanto das forças progressistas, os currículos de Ciências Humanas. Era educador modelar, ensinava de verdade. Diferenciou-se pela ausência de vaidades peculiares da academia, pelo brilho e rigor, da posição política justa e pública. Trabalhismo e marxismo eram coisas próprias do fim da História. Ocupar-se do legado de Vargas, João Goulart, Leonel Brizola fora do discriminador conceito de populismo não seria considerado científico nem próprio da universidade. Dominava com tranqüilidade temas da área econômica, teoria política, História e comunicacional, fazendo abalisadas análises da mídia em suas aulas, tendo mais tarde, atuado no radio esportivo. Navegava no marxismo com independência, crítica e sem aplicações vaidosas. Militava na revisão da História Brasileira, defendendo a busca de fontes variadas e ao lugar da história dos vencidos, mas não consentiam com um desmonte irresponsável da História do Brasil. Era possuído de cautela com a encantanda desmitologização historiográfica que jogava as referências nacionais no lixo. Não lhe importava a ostentação ideológica, mas a conduta de um professor que ensinava e vivia a importância do seu país. Mesmo assim são contundentes exemplos dessas convicções, o nome de Sandino dado ao filho, homenageando o líder revolucionário nicaráguense. Nossas autoridades educacionais honrariam o zelo cidadão ao distinguirem uma próxima escola pública aberta com o nome de Ivan Meneguzzo.



Um comentário:

  1. Mais uma vez agradeço ao Sr. Acir da Cruz Camargo a homenagem prestada a meu pai. Sei que sou suspeita para redigir qualquer comentário referente ao Prof. Ivan Meneguzzo, mas além de ter tido a honra de ser sua filha, tive o privilégio de ter aprendido com ele muitas lições que a escola da vida lhe ensinou, e ele como bom aluno as aprendeu e com amor as transmitiu. A falta que ele nos faz, é imensa e será para sempre, porém ela não se restringe apenas à família, mas a toda sociedade brasileira que carece de pessoas, como ele: com honra, caráter, integridade e palavra, pois hoje infelizmente vivemos na sociedade do "não dá nada"!
    Certamente o professor Ivan Meneguzzo e muitos como ele, que viveram ou vivem no anonimato, sem qualquer tipo de egocentrismo, fazem muita falta a atual sociedade, mas certamente cumpriram e cumprem suas missões, o que é o mais importante.

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